Se, há 50 anos foi necessário nacionalizar setores estratégicos da economia para que a revolução se consolidasse numa democracia, que trouxe aos trabalhadores uma forte valorização dos direitos através da contratação coletiva; aos filhos dos trabalhadores a possibilidade de se valorizarem através do ensino da escola publica; um serviço nacional de saúde de acesso geral, livre e gratuito para o povo e para os trabalhadores; um sistema de pensões de reforma gerido pela segurança social pública que garante a todos os trabalhadores a possibilidade de usufruir de uma reforma garantida na velhice, valorizando a sua qualidade de vida, todos estes direitos consolidados pela democracia ao longo dos últimos 50 anos, paradoxalmente, hoje estão em risco.
A contratação coletiva é sistematicamente atacada pelo poder político colocando permanentemente em causa os direitos conquistados pelos trabalhadores.
A escola publica é posta em causa por via de uma constante depreciação feita aos professores, o que coloca em causa a sua qualidade, quer seja pela não valorização salarial, ou pela articulação combinada de ataque aos docentes com a ausência de resolução de problemas estruturais do ensino.
Na saúde, outro pilar fundamental da nossa democracia, temos assistido ao desinvestimento do SNS, tal como na escola publica, o que já leva pelo menos duas décadas. As eficácias das políticas destrutivas do SNS podem ser verificadas no crescimento do mercado de seguros de saúde e na proliferação de hospitais privados por todo o país.
Por último, as pensões de reforma. Os sucessivos estudos feitos por sucessivos governos, portanto com caráter político, pretendem demonstrar insustentabilidade da SS. Ora, do que se conhece, a grande incerteza das pensões de reforma dos trabalhadores está na gestão privada das pensões, quase sempre sujeita a especulação financeira, o que constitui um risco para quem, no fim da sua carreira contributiva necessita da garantia de um rendimento que lhe dê qualidade de vida. Mas, o poder político que chama a si o voto do povo apenas assume compromissos com o poder económico.
A segurança social publica é dos trabalhadores e não pode cair nas mãos das seguradoras e bancos! Tal como a saúde já caiu nas mãos dos privados.
Hoje, tal como no passado, e pelos mesmos motivos do passado, defendemos que o setor financeiro deve ser publico.